quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Mais Uma





Quase dois meses depois, outra vez... só para dar outro sinal de vida.

Mais uma, que volta a ser tirada no mesmo sítio, o reino maravilhoso de Trás-os-Montes como dizia Miguel Torga.

Deverias aliás dizer, mais umas. A qualidade é péssima e servem apenas de registo.

Foram tiradas em Agosto, sim Agosto com letra maiúscula, nada dessas minhoquices do acordo ortográfico.

Ao anoitecer de um dos dias de férias, entrei no meu velhinho 4x4 e fui para as montanhas, espreitar a bicharada. Quando cheguei ao local das fotos era já bastante escuro.

Deixei o jipe junto às árvores, para que passasse despercebido, desci e imediatamente vi uma raposa lampeira, com uma cauda imponente e magnífica a atravessar o lameiro em direcção a um pequeno rio. Peguei na máquina fotográfica e fui em sua perseguição, na esperança de uma foto. Não a consegui, porque rapidamente ela ganhou terreno, atravessou o rio e desapareceu na floresta.

Percorri novamente o lameiro, desta vez subindo a caminho do jipe que se encontrava a umas dezenas de metros. Ainda longe, ouvi barulho e reparei num enorme vulto, tinha escurecido ainda mais no entretanto, que descia na minha direcção e estava ainda acima do local onde estava o jipe. Seguiam-no  mais vultos que caminhavam atrás de si. Parei por um momento e percebi do que se tratava, uma enorme javalina com três filhotes.

Não fiquei particularmente tranquilizado, o bicho era enorme e com os três filhotes atrás não sabia como reagiria se me topasse. Felizmente nestas alturas não costumo fumar, para que o cheiro não me denuncie. Caminhei rapidamente em direcção à traseira do jipe e eles fizeram o mesmo, aproximando-se da parte da frente. Chegámos quase ao mesmo tempo. Eu espreitei pelo lado esquerdo do 4x4 e eles estavam do mesmo lado, mas na parte da frente. Contornei-o pelo lado contrário, pus um pé no estribo, subi para o capot e encostei-me ao pára-brisas.

Com a máquina ao pescoço e quase sem respirar para que não me notassem, movi-me lentamente para os fotografar. Como sempre acontece nestas alturas, por alguma estranha lei do Universo, as pilhas estavam a chegar ao fim e não consegui usar o flash. Mas isto acabou por ser um golpe de sorte, com o flash talvez fosse possível tirar uma boa foto porém, seria de certeza uma única e a bicharada rapidamente se poria na alheta, assustada pela luz. Assim, por ali estiveram vários minutos enquanto eu os observava, deliciado. A certa altura, a mãe ainda estacou, olhou-me fixamente e fez umas carantonhas feias e uns grunhidos guturais. Eu mantive-me imóvel e ela acalmou.

Ainda cirandaram á minha volta e do jipe por um largo bocado. Acabaram por fugir, quando as corças que se escondiam no arvoredo começaram a berrar desalmadamente, porque haviam pressentido os caçadores furtivos.


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