quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Acreditar...




A ideologia do Estado Novo exaltava a ignorância do povo como uma virtude a valorizar.

Não se discutia.

Acreditava-se.

Nas palavras de Salazar:

"às almas dilaceradas pela dúvida e o negativismo do século, procuramos restituir o conforto das grandes certezas. Não discutimos Deus e a virtude; não discutimos a Pátria e a sua História; não discutimos a autoridade e o seu prestígio; não discutimos a família e a sua moral; não discutimos a glória do trabalho e o seu dever."

"Felizes os que esquecem as letras e voltam à enxada."

Hoje, acredita-se de novo.

Acredita-se que vivemos acima das nossas possibilidades e, agora, para remissão dos nossos pecados, não devemos discutir a glória do trabalho, devemos trabalhar mais horas, ainda que a OCDE diga que somos dos povos da Europa que mais horas já trabalhavam (mais do que os alemães... é verdade), não devemos discutir o seu dever, devemos aceitar ter menos feriados e trabalhar ainda mais e receber menos... é o nosso dever.

Já agora, devemos igualmente esquecer as letras e voltar à enxada, privatizar as escolas, por exemplo, esses covis de madraços, cheios de gente mal-intencionada, que está sempre à espreita da primeira oportunidade para de lá sair e insidiosamente vir aumentar a lista de desempregados, que não fazem justiça ao milagre económico que as nossas empresas têm protagonizado.

Vejam lá que, apesar de por lei só serem agora obrigados a lá ficar até aos 18 anos, muitos ainda têm o descaramento de a seguir ir para a universidade tirar cursos... O que vale é que depois emigram que é um regalo.

Ah! Não querem emigrar?

Então agarrem numa enxada e vão mas é cavar batatas.

Não gostam?

A culpa deve ser da Constituição.

                                                     


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